Parabéns não enchem buraco!

Na última sessão da Câmara de Vereadores de Santo Antônio da Platina, em 28/04/2025 o vereador Cláudio Domingues, o Cação, subiu à tribuna e fez o que poucos têm coragem: largou o pano, chutou a canela e disse em alto e bom som o que muita gente só murmura pelos cantos — a cidade está abandonada, e a zona rural, esquecida.
Num discurso inflamado, crítico e direto, Cação não poupou palavras:
“Parabenizar pra quê? Se não tem estrada, não tem nada. Tá tudo abandonado!”
Ele se referia à situação da zona rural, como a região da Barra Mansa, onde, segundo relatos, moradores estão isolados — sem conseguir sequer ir a lugar nenhum. “Só se arrumar um helicóptero”, ironizou o vereador, num tom de indignação que ecoou forte na casa legislativa.

Zona rural: lama, buraco e abandono
A fala de Cação é um grito vindo do barro: a população rural continua sendo negligenciada. Chuva virou sentença, estrada virou armadilha. Não se tira alimento, não se leva criança à escola, não se chega ao médico. A promessa de melhorias continua atolada, como as caminhonetes nas estradas vicinais.
Estamos em maio, quase meio ano de gestão. O tempo das desculpas já passou. Culpar a administração anterior virou muleta para quem não quer correr atrás. Em resumo o vereador disse:
“Agora é matar no peito e jogar. Chega de passar a bola pro passado.”

Um novo desenho político à vista?
O tom do discurso levanta uma questão espinhosa: há um possível racha se formando entre o vereador e a atual gestão? Até pouco tempo, Cação era visto como aliado do prefeito. Mas a crítica pública, incisiva e carregada de frustração, sinaliza que 2026 pode redesenhar os palanques da cidade e do estado. A fala dele não foi apenas desabafo — foi posicionamento.
Buraco na cidade, falha na gestão

Mas não é só a zona rural que geme. A área urbana também sofre: ruas esburacadas, sinalizações apagadas, trânsito caótico. Os avanços na saúde são reconhecidos, como o próprio vereador admitiu — mas há ainda muito a ser feito.
Filas, demora em exames e consultas, e a falta de especialidades continuam sendo uma realidade cruel.
“Quem sente dor, grita. E quem grita, não pode esperar.”
Hora de agir. Menos palmas, mais máquina na pista.

O discurso de Cação foi um chamado à razão — e à ação. Parabéns não asfaltam estrada. Elogio não melhora o trânsito. Foto em rede social não tira paciente da fila. Santo Antônio da Platina precisa de medidas práticas, ousadas e efetivas. Porque discurso sem entrega é só vento — e o povo já cansou de respirar poeira.
A cidade tem potencial, tem força, tem gente disposta. Só falta uma coisa: vontade política de verdade.
E, pelo visto, Cação está dizendo: ou muda, ou vai ouvir mais ainda.