
Na tarde desta terça-feira, 12 de agosto de 2025, a Vara do Trabalho de Santo Antônio da Platina foi palco de um momento tenso e emblemático no cenário trabalhista regional. Sob a condução do juiz titular Roberto Dala Barba Filho, aconteceu audiência de execução movida pelo SimSaúde – Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Londrina contra o Hospital Nossa Senhora da Saúde.
A sala de audiências ficou lotada: presidente e integrantes do sindicato, trabalhadores da ativa, ex-funcionários e apoiadores marcaram presença, ocupando todos os assentos do Fórum do Trabalho. Dezenas de pessoas acompanharam cada fala com olhares atentos, deixando claro que o caso mobiliza profundamente a comunidade.
Esteve presente também, representando a instituição, o senhor Daniel Macedo, atual diretor-administrador do hospital, acompanhado pelo advogado Éber Luiz Sócio e demais membros da diretoria da entidade.
No centro da disputa, um processo já decidido favoravelmente aos trabalhadores em todas as instâncias — sentença, TRT e TST — e que agora se encontra na fase mais delicada: a execução.
A defesa dos trabalhadores esteve a cargo do advogado Gervázio Luiz De Martin Júnior, especialista nas áreas trabalhista e previdenciária, acompanhado de Cássio Colombo Filho, magistrado aposentado de trajetória respeitável. Paulista de nascimento, Cássio construiu sólida carreira: formou-se em Direito pela Faculdade de São João da Boa Vista (1984), após passagem inicial pela PUC-SP, especializou-se em Direito do Trabalho pela USP (1990), obteve título em Teoria Crítica dos Direitos Humanos na Universidad Pablo de Olavide, em Sevilla (2011), e é mestre em Direitos Fundamentais e Democracia. Ingressou na magistratura em 1992, presidiu a então 2ª JCJ de Foz do Iguaçu e, em 2012, chegou ao cargo de desembargador federal do trabalho.
O clima na audiência era claro: há um impasse. O hospital, já derrotado judicialmente, se vê diante de uma dívida que, segundo estimativas extraoficiais, ultrapassa os R$ 8 milhões — valor ainda sujeito a atualização. O sindicato, pela voz de seus representantes, reconhece que o montante é inviável para pagamento imediato, mas pressiona por um plano de pagamento voluntário que seja factível e evite medidas mais drásticas, como penhoras ou bloqueios capazes de comprometer a atividade hospitalar.
“Os trabalhadores não buscam nada além do que a Justiça já reconheceu. São pessoas que dedicaram décadas de suas vidas à instituição e que agora têm o direito reconhecido. Queremos um acordo que respeite a dignidade e o trabalho de cada um”, afirmou o advogado Gervázio Luiz De Martin Júnior durante a audiência.
O Café com Pimenta também obteve informações exclusivas de um ex-funcionário do hospital, demitido recentemente, que relatou ter procurado a delegacia de polícia para registrar um boletim de ocorrência e, paralelamente, encaminhou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) ao Conselho Administrativo da instituição, em desfavor do Sr. Daniel Macedo. Segundo o relato, em áudio gravado, o diretor teria, em tese, constrangido e ameaçado o trabalhador, que também teria sofrido mudança forçada de turno, perseguições internas e, posteriormente, demissão por não aceitar um acordo proposto. O ex-funcionário ainda manifestou temor de que outros empregados venham a ser pressionados ou coagidos a aceitar acordos sob pena de sofrer sanções internas, incluindo a demissão sumária. No requerimento do PAD, consta também o pedido de afastamento imediato do Sr. Daniel Macedo de suas funções na instituição, até a apuração completa dos fatos.
ENTENDA O PAD CONTRA O DIRETOR DO HOSPITAL NOSSA SENHORA DA SAÚDE
Quem é o alvo:
Daniel Macedo – Diretor-Administrador da instituição.
Origem do processo:
Denúncia formalizada por ex-funcionário demitido.
Registro de Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia.
Encaminhamento de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) ao Conselho Administrativo do hospital.
Principais alegações:
Coação e ameaças registradas em áudio, em tese praticadas pelo diretor.
Mudança forçada de turno e perseguições internas.
Demissão posterior por recusar acordo proposto.
Temor de que outros funcionários sofram pressão para aceitar acordos sob pena de sanções, inclusive demissão.
Provas apresentadas:
Áudio 1 – 32 minutos e 24 segundos, com suposta coação do diretor.
Áudio 2 – 3 minutos e 4 segundos, com chefia de enfermagem e RH afirmando que “obedecem ordens” e anunciando transferência de turno.
Medidas solicitadas no requerimento:
Afastamento imediato de Daniel Macedo até a conclusão da apuração.
Nomeação de comissão processante para conduzir o PAD.
Garantia de proteção a eventuais testemunhas.
O objetivo do encontro foi pacificar e buscar um consenso. De um lado, o sindicato e os ex-empregados defendendo a rápida satisfação do crédito trabalhista; do outro, o hospital tentando evitar o colapso financeiro diante de um passivo pesado.
O Café com Pimenta acompanhou a audiência e ouviu os advogados do sindicato. Os áudios completos com as declarações estão disponíveis abaixo, na íntegra.
O espaço permanece aberto para o pronunciamento do advogado da instituição Hospital Nossa Senhora da Saúde e também de sua direção. O Café com Pimenta ressalta que buscará ouvir os membros integrantes do conselho diretor do hospital para saber quais providências serão tomadas em relação ao Processo Administrativo Disciplinar — se a instituição irá ou não instaurar formalmente o PAD, se nomeará a comissão processante e quem serão seus integrantes.




Os trabalhadores não buscam nada além do que a Justiça já reconheceu. São pessoas que dedicaram décadas de suas vidas à instituição e que agora têm o direito reconhecido. Queremos um acordo que respeite a dignidade e o trabalho de cada um”,
Direito reconhecido mas com a possível paralização de serviços vitais do hospital
Um adendo , com funcionários ainda trabalhando, mesmo com processo contra o hospital
Parece até um anedota