Gil Martins na encruzilhada: sancionar a imoralidade ou enfrentar o sistema?


/NA ESTEIRA DO QUE JÁ É CONSIDERADO UM DOS MAIORES ESCÂNDALOS POLÍTICOS DA HISTÓRIA RECENTE DE SANTO ANTÔNIO DA PLATINA, O PROJETO DE LEI Nº 18/2025, QUE INSTITUI UM VALE-ALIMENTAÇÃO DE R$ 770 MENSAIS PARA CADA UM DOS 13 VEREADORES, AGORA SEGUE PARA AS MÃOS DO PREFEITO GIL MARTINS.

 E com ele repousa uma das decisões mais delicadas e emblemáticas de sua gestão: sanar a sede da moralidade ou brindar o apetite da vergonha institucionalizada?

Gil Martins está diante de uma encruzilhada política, ética e administrativa. De um lado, sancionar o escárnio do Vale Picanha, ir contra a opinião pública e manchar sua biografia com a tinta da cumplicidade. De outro, vetar o projeto e enfrentar o risco real de retaliação política por parte dos vereadores, que já acenam com a possibilidade de barrar o Projeto de Lei nº 036/2025, a chamada reforma administrativa do Executivo — proposta que, segundo análise do Café com Pimenta, também carrega consigo fortes indícios de imoralidade e favorecimento político.

TROCA DE FAVORES À VISTA?

Tudo indica que o prefeito está no meio de uma silenciosa, mas evidente, negociação de bastidores. Fontes indicam que, caso o vale-alimentação dos vereadores seja barrado, a reforma administrativa — aprovada em primeira votação e pronta para o segundo turno — também poderá ser reprovada por uma Câmara ressentida. E com isso, promessas políticas e possíveis compromissos assumidos pelo prefeito com aliados poderão ruir.

📄 O “PACOTÃO” DA REFORMA: MAQUIAGEM DE MODERNIZAÇÃO?

O Café com Pimenta teve acesso exclusivo ao texto completo da reforma, com 143 páginas, e realizou uma leitura minuciosa que expõe o que a retórica oficial tenta ocultar: um impacto estimado de quase R$ 10 milhões aos cofres públicos até 2028, com a criação de novas secretarias, dezenas de cargos comissionados e reajustes salariais em plena crise fiscal.

Sob o sedutor título de “modernização da estrutura administrativa”, o PL nº 036/2025 revela uma tentativa de reorganização institucional que, na prática, pode significar inchaço da máquina pública e fortalecimento de feudos políticos. Um projeto que anda na contramão do discurso nacional de austeridade e responsabilidade fiscal.

📋 O QUE PROPÕE O PROJETO?

  • Criação de duas novas secretarias: Esportes, Cultura, Lazer e Turismo e Relações Institucionais;
  • Criação de 10 novos cargos comissionados de diretores;
  • Reajuste do salário do chefe de gabinete de R$ 6 mil para R$ 11 mil (aumento de 83%);
  • Reestruturação administrativa com discurso técnico, mas efeitos orçamentários altamente questionáveis.
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📉 O ROMBO: QUASE R$ 10 MILHÕES

Todo esse redesenho administrativo deve gerar um custo estimado de R$ 9,8 milhões nos próximos três anos, conforme cálculos baseados no impacto de novos cargos, funções gratificadas e reajustes. Dinheiro que, na prática, não sairá da folha em branco — mas da saúde, da educação e da assistência social.

🩺 Enquanto isso, na vida real…

  • Faltam exames simples há mais de dois anos;
  • Consultas com especialistas demoram até quatro meses;
  • A Farmácia Municipal exibe, na porta, uma longa lista de medicamentos em falta;
  • Famílias lutam por vagas em creches;
  • O Pronto-Socorro enfrenta denúncias de negligência e desorganização.
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👥 O QUE DISSERAM OS VEREADORES?

Dr. Leônidas da Silva Neto (PRD), um dos poucos a nadar contra a corrente, alertou:

“Essa reforma pode comprometer o orçamento da cidade. Precisamos de mais investimento nos serviços básicos, não em estrutura política.”

Fabinho Galdino (PSDB), defensor entusiasta da proposta, defendeu:

“As mudanças são necessárias diante do crescimento urbano.”

Mas o que o vereador não disse — e o Café com Pimenta apurou — é que seu pai, o Sr. Galdino, é atual Secretário de Defesa Social do município e responde também pelo setor de trânsito, justamente uma das áreas fortalecidas pela nova reforma. Conflito de interesse? Ao menos, indícios não faltam.

Eliane Siqueira (Republicanos) celebrou a criação da Secretaria da Mulher como avanço para as políticas de gênero.

Professor Diego Vieira (Republicanos) defendeu a nova Secretaria de Esportes como vetor de prevenção à criminalidade.

Buchecha (União), ainda que tenha apoiado a reforma, criticou o reajuste no salário do chefe de gabinete:

“Não é o momento para esse tipo de aumento.”

🔁 TROCA DE FAVORES INSTITUCIONALIZADA?

A suspeita que paira é clara: o Vale Picanha virou moeda de troca para viabilizar uma reforma administrativa com cheiro de favorecimento político. Se o prefeito vetar o vale, a Câmara ameaça retaliar. Se sancionar, terá como recompensa a reforma aprovada — mas ao custo de entregar sua credibilidade ao apetite corporativo do legislativo.

📣 SEGUNDA VOTAÇÃO: A HORA DA VERDADE

A segunda votação da reforma está prestes a acontecer. O resultado pode selar não apenas o futuro da máquina pública local, mas o próprio compromisso do prefeito com o povo que o elegeu. A conta é simples: ou se curva à política de balcão, ou enfrenta o sistema com coragem.

Gil Martins tem até o final do mês para decidir se será lembrado como o prefeito que vetou um privilégio imoral e enfrentou a chantagem disfarçada de legislatura, ou como aquele que trocou dignidade por votos e acordos de bastidor.

Em tempos sombrios, governar exige mais do que palavras bonitas: exige firmeza, decência e coragem.

Café com Pimenta – Porque notícia que queima a língua, às vezes, é a que mais precisa ser dita.

1 comentário em “Gil Martins na encruzilhada: sancionar a imoralidade ou enfrentar o sistema?”

  1. Nossos políticos estão se adequando a política nacional, migalhas para o povo e a famosa picanha passada na farinha com aquela cervejinha gelada para os “funcionários do povo”!

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