
A inauguração oficial aconteceu nesta quinta-feira (28), às 9h, na Rua Dr. Osvaldo Campos do Amaral, nº 419, no Bairro Rennó Park, prédio da ex-UPA. O local foi batizado de Centro de Reabilitação do Autismo.
Mas afinal, autista precisa ser reabilitado?
A resposta de inúmeras mães que entraram em contato com esta redação é clara: não.
“Meu filho não está quebrado. Ele precisa de acompanhamento. Ele precisa de inclusão social, de desenvolvimento e integração”, desabafou uma mãe, indignada com a forma como o centro foi denominado.
E ela tem razão. O termo “reabilitação” carrega um peso simbólico: dá a entender que a criança perdeu algo e precisa ser “consertada”. Mas o autista não perdeu nada — ele precisa é de suporte, oportunidades, inclusão, respeito e profissionais comprometidos.
O nome que incomoda
É inegável que a iniciativa de abrir um espaço voltado para o atendimento ao autista em Santo Antônio da Platina é necessária e louvável. Contudo, a escolha do nome foi, no mínimo, infeliz.
No prédio que um dia foi prometido como UPA — promessa esquecida pela atual gestão — agora se instala um centro que poderia ter sido batizado de forma muito mais acolhedora e inclusiva.
As próprias mães sugeriram alternativas que refletem melhor o propósito do espaço:
Centro de Desenvolvimento Infantil
Centro de Apoio e Desenvolvimento ao Autista
Centro de Estimulação e Aprendizagem ao Autista
Centro de Integração e Desenvolvimento
Centro de Habilidades e Autonomia
Centro de Apoio ao Neurodesenvolvimento
Espaço Terapêutico Integrado
Centro de Atenção ao Desenvolvimento
Clínica de Estimulação
Centro de Vida Ativa e Inclusão
Todas essas opções transmitem o que de fato se busca: desenvolver, apoiar, integrar, estimular e incluir.
A realidade dura por trás da inauguração
É preciso reconhecer a importância desse centro: em Santo Antônio da Platina, muitas crianças autistas não têm neuropediatra para acompanhamento. A rede pública não consegue atender de forma prática, ágil e eficiente.
Uma mãe relatou à nossa equipe que aguarda há quase dois anos por uma consulta com neuropediatra pelo SUS. Enquanto isso, as crianças seguem sem o suporte essencial para seu desenvolvimento.
Portanto, que venha o novo centro — mas que venha com seriedade, profissionais comprometidos e uma nomenclatura que respeite as famílias.
Porque não, o autista não está quebrado.
O espaço do Café com Pimenta permanece aberto para manifestação da gestão municipal ou da Secretaria de Saúde..
