
Na noite desta segunda-feira, 9 de junho, a Câmara Municipal de Santo Antônio da Platina foi palco do que já pode ser chamado, sem medo de errar, de um dos maiores escândalos políticos da história recente do município.
Foi aprovado, em segunda discussão, o Projeto de Lei nº 18/2025, que institui o pagamento de vale-alimentação de R$ 770 mensais para cada um dos 13 vereadores da cidade.
Sim, você não leu errado.
Em um país onde mais de 90% da população sobrevive com um salário mínimo de R$ 1.518,00, os representantes do povo decidiram que merecem quase meio salário mínimo a mais por mês — só para comer. Como se já não bastassem os R$ 5.179,10 de subsídio e os R$ 1.100,00 de diárias mensais que recebem para viajar (quase sempre para Curitiba), agora o apetite dos nobres edis exige também um “auxílio comida”.
🤦 Uma justificativa que não engole
A desculpa? “Isonomia e moralidade administrativa com os servidores.” Ora, a comparação é descabida. Servidores efetivos não recebem R$ 6 mil mensais para comparecer a reuniões semanais, tampouco possuem os privilégios que se acumulam no parlamento municipal. Equiparar situações desiguais é zombar da inteligência da população.

na integra áudio do vereador leonidas.
🎙 A voz da consciência: Dr. Leônidas
Em meio ao coro ensurdecedor da indignação popular que lotou o plenário, o vereador Dr. Leônidas Neto ergueu a voz com firmeza e coragem. Disse o que precisava ser dito:
“Não sou eu quem diz que é ilegal. É a lei. Aumentar benefício nesta mesma legislatura é vedado. Isso é maquiagem de salário, é inconstitucional. Como vereador e como advogado, sou obrigado pela minha consciência a comunicar ao Ministério Público.”
É o que se espera de um homem público: agir com base na legalidade, na moralidade e na ética, e não em interesses corporativistas disfarçados de isonomia.
🤝 Quem votou a favor desta vergonha?
Foram oito votos favoráveis contra três contrários. Votaram SIM ao escândalo: Benito do Barracão, Buchecha, Cação, Breno, Flavinho Mayorky, Eliane Siqueira, Fabinho Galdino e Karla da Saúde.
Votaram contra: Marcelino Maquinista, Professor Diego e Dr. Leônidas Neto.
Irmão Paulinho não compareceu.
O presidente Luciano Vermelho só votaria em caso de empate.
Esses oito vereadores optaram por institucionalizar um privilégio imoral, enquanto a maioria da população enfrenta filas em postos de saúde, dificuldade de acesso à educação e transporte público precário.
🚨 Se fosse legal e moral, não precisava de polícia
A sessão foi tensa. Gritaria, ânimos exaltados e presença da Polícia Militar para conter os ânimos. Se o projeto fosse tão justo quanto alegam, não haveria necessidade de segurança reforçada. A indignação popular falou mais alto.

✍ Prefeito Gil Martins: a caneta está com você
Agora, o projeto segue para a sanção (ou veto) do prefeito Gil Martins, que tem até o final do mês para tomar a decisão. A sociedade espera que Gil tenha a coragem que faltou à maioria da Câmara. Que diga NÃO ao escárnio, que respeite o povo que o elegeu, e vete esse projeto indecente.
Se Gil Martins sancionar, será cúmplice da vergonha. Se vetar, será lembrado como o prefeito que ouviu o povo e disse não ao abuso disfarçado de benefício.
🕯 Um retrocesso histórico
A noite de 9 de junho de 2025 ficará marcada como o retrocesso moral de Santo Antônio da Platina. Uma Câmara que se curva a seus próprios interesses, ignora a crise econômica da população e atropela o bom senso. E, como se não bastasse, faz tudo isso sob escolta policial
Se a imoralidade se oficializa, a resistência precisa se intensificar. A população disse NÃO. E agora aguarda que o prefeito também diga NÃO.
Café com Pimenta — porque tem coisa que não dá pra engolir.

