
Enquanto a população enfrenta fila no posto de saúde, dificuldade para pagar o gás e o feijão no mercado, a Câmara Municipal de Santo Antônio da Platina aprovou, por 8 votos a 1, o Projeto de Lei nº 18/2025, que concede auxílio-alimentação de R$ 770 mensais aos próprios vereadores. Sim, você leu certo: agora os nobres edis, que já recebem R$ 5.179,10 de subsídio mais R$ 1.100,00 em diárias, querem um “VR” como quem trabalha em regime CLT.
Sob gritos e vaias da plateia lotada, o projeto — de autoria da própria Mesa Executiva da Câmara — passou na primeira votação na sessão de segunda-feira (2). A justificativa? “Isonomia e moralidade administrativa”, alegando que os vereadores têm o mesmo direito dos servidores da Casa, que já recebem o benefício.
Mas a pergunta que ecoou do povo para o plenário foi direta: desde quando ser vereador é o mesmo que ser servidor público comum?
🎤Leonidas dá show de moralidade e vota contra o “vale-picanha”
Em meio ao cenário de indignação popular e constrangimento público, um nome se destacou: vereador Leonidas da Silva Neto. Promotor de Justiça aposentado, Leonidas foi o único parlamentar que votou contra o projeto — e fez isso com firmeza, clareza e um discurso irretocável em defesa da moralidade pública.
Em sua fala, criticou pontualmente os argumentos do projeto, questionou a oportunidade da medida, apontou o descompasso com a realidade econômica da população e alertou para a desconexão entre o Legislativo e o cidadão comum.
“É imoral, é injusto, e não é isso que o povo espera de nós”, disse, sob aplausos de muitos no plenário.
Enquanto os demais parlamentares ensaiaram justificativas técnicas ou silêncios constrangedores, Leonidas assumiu sozinho a responsabilidade de dizer não, fazendo jus à função que ocupa e ao nome que carrega.
🧾A Mesa Executiva e a responsabilidade pelo projeto
A Mesa Executiva do Legislativo, composta por presidente, vice-presidente e secretário, é a responsável formal pelo projeto. E quem ocupa a presidência atualmente é o vereador Luciano Vermelho.
Ou seja, há direção, autoria e responsabilidade claras. O presidente Vermelho tem pressa e interesse em aprovar o auxílio-alimentação — e isso precisa ser reconhecido. Esta conta — e este protesto — devem ser direcionados a quem lidera essa iniciativa.
Nem tudo que é legal é moral. E nem tudo que é moral é legal. A comunidade sabe distinguir muito bem as duas coisas.
📉Dinheiro tem — falta é vergonha
O custo estimado do mimo legislativo é de R$ 70 mil ainda em 2025, chegando a R$ 132 mil por ano até 2027. Segundo parecer contábil da própria Câmara, os recursos virão do duodécimo — aquele repasse que poderia voltar aos cofres do Executivo e ser usado em saúde, educação, assistência social.
🗳Quem votou como?
✅ A favor: Cação, Breno, Flavinho Mayorky, Eliane Siqueira, Fabinho Galdino, Karla da Saúde, Irmão Paulinho e Professor Diego.
❌ Contra: Leonidas da Silva Neto — o único com coragem de ir contra a maré da imoralidade.
❎ Ausentes: Marcelino Maquinista, Benito do Barracão (por problemas de saúde) e Buchecha (passou mal e se retirou).
🗳 O presidente Luciano Vermelho votaria apenas em caso de empate — mas assinou e defendeu o projeto desde o início.
📅Segunda votação: dia 9. E agora?
O projeto ainda precisa passar por segunda votação, marcada para a próxima segunda-feira (9). Até lá, o povo tem tempo para se manifestar e pressionar, exigindo que a moralidade prevaleça sobre o conforto da autoproteção legislativa.
⚖ Como impedir ou postergar a segunda votação?
1. Apresentação de requerimento de adiamento da votação
O Regimento Interno prevê a possibilidade de adiamento da votação mediante requerimento aprovado pela maioria simples do plenário (art. 251 e seguintes). Vereadores contrários podem requerer o adiamento por prazo determinado, alegando necessidade de análise mais aprofundada ou espera de manifestação da sociedade.
2. Recurso contra ato do Presidente ou da Mesa
Conforme o art. 44, qualquer vereador pode interpor recurso contra ato do presidente (por exemplo, inclusão da matéria em pauta sem o devido tempo ou publicidade). Esse recurso será submetido ao plenário.
3. Questão de ordem ou nulidade regimental
Se houver violação de qualquer dispositivo regimental na tramitação do projeto (como ausência de parecer de comissão obrigatória ou prazo não respeitado), pode-se suscitar questão de ordem (art. 262 e seguintes), o que obriga o presidente a resolver ou submeter ao plenário.
4. Mobilização pública com base no art. 8º a 12
Embora o público deva manter ordem nas sessões, a pressão popular legítima e organizada pode influenciar vereadores indecisos ou ausentes a se manifestarem e até mudar o voto na segunda votação.
As informações são baseadas nos dispositivos legais do Regimento Interno Resolução nº 3, de 29 de outubro de 2018
🧂Café com Pimenta opina:
Não é sobre legalidade. É sobre prioridade e respeito ao contribuinte. O Legislativo não pode continuar criando benefícios próprios enquanto falta médico, creche e merenda. O povo está atento — e agora sabe quem está ao lado dele.
Leonidas mostrou que é possível ser vereador e ser decente ao mesmo tempo. O restante da Câmara tem até segunda-feira para decidir em qual lado da história quer estar.